Olhando um pouco para trás, perceberemos
nitidamente que o local onde vivíamos a rua onde brincávamos, o sistema
educacional em que aprendemos tanto, não são mais os mesmos; a cidade cresceu e
muita coisa mudou, a população aumentou e os problemas também. E a Igreja que
era aquela comunidade que nos referenciava junto à sociedade, na vida familiar
e que estava inserida neste mesmo contexto daquela cidadezinha também mudou;
sufocada pelo crescimento assustador da cidade, aquele trabalho de visitação
das famílias, da vida em comunidade, do corpo a corpo deixou de existir; a
Igreja viu a cidade se agigantar diante de si e a sua atuação diminuiu diante
de tantos problemas a sua volta. Ambas mudaram, a cidade cresceu, expandiu
trazendo uma sensação de liberdade ao homem que diante de tantas opções no
grande centro esqueceu a Igreja. Do outro lado da mudança está à igreja que ao
contrario da cidade encolheu e deixou de atuar como deveria em sua missão
discipuladora, ficou parada no tempo, no templo e no espaço geográfico e deixou
de ser igreja presente na vida do povo, nas casas, na rua, na sociedade e em
qualquer lugar.
Vejo como principal desafio para a ação da
Igreja na cidade, uma retomada aos princípios dos apóstolos e depois romper as
barreiras geográficas, aumentando assim a sua atuação no cumprimento de sua
missão evangelizadora e discipuladora. O fenômeno urbano causa afastamento de
pessoas, os relacionamentos são prejudicados, a boa convivência desaparece, o
contexto social é desigual e a Igreja tem como desafio entender e se integrar
na comunidade de maneira solidaria e eficaz para levar a todos
independentemente da situação individual de cada um a comunhão de todos onde
ela está inserida e a comunhão com Deus. Gosto quando leio Geoval Jacinto da
Silva falando sobre integração e visibilidade, pois isso é ser Igreja atuante
na comunidade nessa ação centrifuga de dentro para fora e não numa ação de fora
para dentro, escondida, sem se envolver nas questões que a cercam.
A Igreja precisa se mostrar na sociedade
para o serviço a Deus e ao necessitado da graça, da misericórdia de dele, mas
também ao necessitado de um obro amigo com quem contar, e de problemas sociais
para resolver, bem como de ajuda em suas necessidades básicas. A Igreja precisa
entender que a sua missão é de ser serviço e não ser vista, apenas para
aparecer como uma denominação forte através da mídia, mas de ser vista por
aqueles que precisam dela. É integrar o homem caído, desacreditado, na
sociedade e conseqüentemente a Deus mostrando para o mundo, para a cidade, para
a comunidade que ainda há esperança. Em minha comunidade de fé enfrentamos
algumas dificuldades enquanto geografia, mas entendemos que a Igreja somos nós
onde quer que estejamos assim sendo onde estivermos a Igreja de Cristo estará
presente, em movimento, atuando, cumprindo a sua missão e glorificando a Deus.
Vejo que o problema a ser descentralizado é que a Igreja é o Templo, pois este
local geográfico é onde por algumas vezes a Igreja se reúne também para adorar
ao Senhor. Uma das soluções que estamos trabalhando é voltar para o estilo da
Igreja primitiva, apostólica de nos reunirmos também nas casas em pequenos
grupos, orando, lendo a palavra de Deus e discipulando pessoas, levando os
irmãos a entenderem que a Igreja neotetamentária agia assim e isso tem sido
muito gratificante para nós, pois nos faz aproximar muito mais das pessoas, de
conhecer suas necessidades e de integrá-las na comunidade de fé e no corpo de
Cristo.
Marcone Pereira da Silva
Pastor
da Primeira Igreja Batista em Porto Franco
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