quinta-feira, 18 de abril de 2019

Abril, Mês da E.B.D





Nesse mês de abril está acontecendo uma gincana bíblica entre as classes da Escola Bíblica Dominical da PIB aqui em Porto Franco no Evangelho de Marcos e Perguntas Gerais. Esses momentos são de aprendizado e crescimento na Palavra de Deus.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Discernimento




Discernimento é uma palavra pouco presente no vocabulário cristão. Os leitores e leitoras de espiritualidade extremista que me perdoem, mas creio estar sendo fiel à realidade eclesial de muitas comunidades de fé. Também a prática do discernimento, em si, está ausente. Discernir é distinguir, com alguma sabedoria. Distinguir, aqui, corresponde a uma atitude espiritual: movimento do espírito.
Cristãos e cristãs  mais “fervorosos” tendem ao radicalismo. A linha entre esse fervor sob aspas e o fanatismo é muito tênue. É preciso elaborar a experiência religiosa e não ficar presos a ela. Para isso o discernimento é imprescindível. O que acontece, geralmente, é que no lugar do discernimento, que coloca a consciência do sujeito sob o risco da tomada de posição, o caminho mais fácil assumido por muitos é o da negação das realidades, como fuga da responsabilidade de posicionarem-se. Condena-se tudo, de antemão, como pecaminoso e contrário à vontade de Deus.
Se pararmos para observar as duras críticas de Jesus feita ao farisaísmo, perceberemos que ela está para além da hipocrisia. Onde há excessos escassez de legislação, falta sabedoria. O cânon bíblico já foi fechado, mas cristãos e cristãs continuam a criar leis, por pura covardia de tocar o mundo, lugar concreto onde há que se viver o Evangelho com radicalidade e não com radicalismo.
Muitos cristãos e cristãs criaram a ilusão de que vivem uma vida santa, porque criaram uma bolha que os separam do mundo. A santidade está, exatamente, em tocar o mundo e não se apartar dele: o mistério da encarnação do Filho de Deus – radicalizada em sua morte – é sinal inconteste disso: o véu da separação entre sagrado e profano se rasgou. O trabalho da vida de muitos cristãos e cristãs consiste em reatar o véu partido, na busca por garantir uma separação que não é saudável, porque não alcança o real da vida nem os dramas concretos que ela contém.
Orar e vigiar, incessantemente, é caminho para o discernimento e não para a fuga em nome de uma santidade irreal. “Sede santos, como vosso Pai é santo” não corresponde a uma fuga do mundo, mas a uma apropriação dele, envolvendo-o com a santidade que vem de Deus, pois é isso mesmo que ele faz, quando assume a vida humana em seu Filho. Viver no mundo, mas sem estar preso a ele, porque o Reino de Deus o extrapola. Mas é no mundo que é preciso ser sal e luz: o sal precisa estar entranhado; e a luz irradiada. Não é sábio acender uma lâmpada para colocá-la debaixo da cama. Quando os cristãos e cristãs demonizam o mundo, sem mais, em nome da fé e da fidelidade a Deus, estão fazendo justamente isso, escondendo a lâmpada do Evangelho e privando o mundo do seu sabor.
 Jesus não se pautou no 8 ou 80. O que não significa que ele não tenha sido firme e fiel em sua missão e vocação e, mais que isso, a seu Pai. O seu “sim” era “sim” e o seu “não” era “não”, não no sentido de fugir do mundo, mas na coragem de tocar no que havia de mais belo e de mais horrível nele. Ele sabia que seu lugar era junto de seu Pai, mas isso não significava viver alienado de seu lugar histórico. Muito pelo contrário: ele fez sua história no testemunho de quem é fiel a seu Pai e à sua missão, sem a covardia travestida de santidade. Afinal, quem quiser salvar a própria vida, precisa correr o risco de perdê-la...