Para as ovelhas, a vara e o cajado são símbolos de ajuda. Por quê?
Para o salmista (Salmo 23), a vara e o cajado eram símbolos de consolo.
Por quê?
De que forma esses instrumentos se relacionam com o papel
do pastor contemporâneo?
Pesquisando sobre esses instrumentos utilizados pelos antigos
pastores de ovelhas e alguns ainda hoje em certos países,
observei o que a seguir escrevo e faço a partir disso uma simples aplicação
com relação ao pastorado. Vamos lá então.
A vara era um pedaço de pau grosso e curto, frequentemente com
uma saliência na ponta. Era usada para vários fins. Antigos pastores
de ovelhas raramente eram vistos com uma vara na mão ou presa à cintura.
Às vezes, era arremessado com extrema precisão para afugentar
um predador. Outras vezes, era lançada na direção de um cordeiro teimoso,
na tentativa de impedi-lo de se afastar do rebanho ou para não se
aproximar de uma planta venenosa.
Nessas aplicações, a vara era uma extensão da autoridade do pastor.
Era como um prolongamento do seu braço estendido. A autoridade do pastor e
sua habilidade em guiar
o rebanho com a vara eram fonte de conforto. O pastor contemporâneo, tal qual
o pastor de ovelhas
que menciono, deve usar a vara com grande cuidado, mas nunca vacilar
em defender a congregação
ou hesitar em alertar os membros da aproximação do perigo.
Em nossos dias, o pastor contemporâneo deve usá-la para não permitir que as
ovelhas de
Cristo sejam influenciadas e contaminadas com as novas filosofias, ideologias e
"teologias" que os
levarão a pecar contra Deus como é o caso da defesa e apoio cada vez maior de
parte da
sociedade ao homossexualismo, aborto, liberação das drogas, etc., além do
liberalismo teológico,
triunfalismo, neopentecostalismo, e coisas semelhantes a essas. Sempre alertando
e ensinando
biblicamente sobre essas questões sem hesitar ou se amedrontar com pressões
ou leis descabidas
e desprovidas de princípios e valores cristãos.
A vara também era usada pelo pastor quando ele se punha à noite no portão do redil
para contar cada
ovelha e fazer-lhe rápido exame em busca de quaisquer ferimentos sofridos durante o dia.
Esse era um
costume antigo chamado "passar debaixo da vara" mencionado em Ezequiel 20:37
e ainda usado hoje
em muitos locais e culturas.
Os rebanhos na Palestina tinham entre vinte a quinhentos animais. Alguns pastores
na verdade
reconheciam suficientemente as ovelhas a ponto de dar nome a elas. Não era incomum
que, ao ser
parada no portão, o pastor corresse a mão pelo corpo da ovelha, procurando sentir
espinhos ou
parasitas escondidos. Parece que essa era a ocasião natural para ungir a ovelha e
tratar convenientemente
das feridas.
Seguindo esse exemplo, o pastor contemporâneo deve fortificar a congregação
de hoje com
sua dedicação em conhecer as necessidades daqueles que estão sob seus cuidados.
Sua atenção pessoal anima seus irmãos. Diferentes métodos são usados para proporcionar
atenção pessoal
, dependendo do tamanho da igreja. Embora reconheça que as visitas sejam opção
impraticável muitas vezes
por várias razões mas principalmente quando se pastoreia mais de uma centena de
pessoas, um telefonema
do pastor ainda é possível. Às vezes, uma nota pessoal, um email, podem ser
lembranças inesperadas de
que você está ciente de uma tribulação ou problema pela qual um membro esteja passando.
Me posicionando do outro lado da questão, pessoalmente já tive experiências antes
de iniciar meu pastorado,
de ter pastores que sequer sabiam de meus problemas e em anos nunca tiveram o
trabalho de fazer uma ligação telefônica para saber se eu e minha família estávamos vivos
. Parece uma bobagem mas são fatos que uma ovelha não esquece. E certamente,
não desejamos esse tipo de lembranças das ovelhas de Cristo que pastoreamos.
Já vimos sobre a vara do pastor. Já o cajado tinha uma função e aparência muito diferentes.
Era muito mais comprida e tinha a extremidade superior arqueada.
O pastor usava o cajado de diversas
maneiras para dar segurança às ovelhas: sacudia o mato alto à frente do rebanho a
fim de assustar
alguma serpente; cutucava uma ovelha para fazê-la voltar ao caminho e livrá-la do perigo;
puxava a ovelha
tímida para mais perto de si. Alguns pastores podiam ser vistos, conforme os
historiadores nos afirmam,
andando por quilômetros somente encostando a ponta do cajado no lado de um
cordeiro, dando segurança pelo contato.
Quando li sobre isso lembrei de quando ensinava minha filha a andar de bicicleta.
Em dado momento,
depois de segurá-la por várias vezes enquanto pedalava, somente pus minha mão
em seu ombro e ela iniciou
sua primeira jornada "ciclistica" simplesmente por sentir que estava ali ao seu lado
se ela porventura vacilasse.
É o mesmo sentimento da ovelha com relação ao toque do cajado do pastor.
Durante a época em que as ovelhas davam cria, o cajado era usado para erguer os
cordeirinhos sobre as
próprias pernas e colocá-las ao lado da mãe. Isso evitava que o cheiro das mãos
do pastor no recém-nascido, causasse um possível rejeição pela mãe.
Os integrantes e membros de nossas igrejas precisam da segurança que
o "cajado do pastor de ovelhas" traz.
Alguns precisam ser cutucados com suavidade, outros necessitam de constante afirmação
e reafirmação. O tímido precisa ser atraído em direção ao pastor e ser lembrado do
seu valor, e recém-nascido na fé dever ser erguido e ajudado a ficar em pé sozinho.
O cajado era cuidadosamente trabalhado pelo pastor. Cada um trazia algum traço da
personalidade do pastor, o que tornava cada cajado um instrumento único.
Isso nos ensina que os pastores podem diferir entre si no modo como exercem suas
funções pastorais
nas suas congregações e igrejas que servem. O que dá certo para um pode não ser
aceitável para outro.
Mas, deve ser comum a todos os pastores o entendimento de que pastorear envolve
muito mais do que apenas pregar no domingo. As necessidades das pessoas (ovelhas)
sob seus cuidados variam amplamente. À medida que ele demonstra sua preocupação
e competência, o rebanho se sente fortalecido.
Os antigos pastores de ovelhas admitiam que não podiam confiar apenas em sua força
e capacidade, mas que precisavam de uma vara e de um cajado para cuidar das ovelhas.
O pastor contemporâneo bem cedo também descobre que toda sua capacidade,
instrução e
dons naturais nunca serão adequados para realizar a obra a que foi chamado a fazer.
A Palavra e
os dons do Espírito muitas vezes são uma vara e um cajado nas mãos do pastor ungido.
Seu constante contato com a Palavra e sua vida de oração fortalecem-no para o trabalho
de apascentar o rebanho.
Ele entende o poder da Palavra e do Espírito.
As lições e o exemplo ensinados pelos antigos pastores de ovelhas devem sempre nos
fazer refletir sobre a forma, a essência e os objetivos de nosso trabalho como pastor das
ovelhas de Cristo.
O contexto atual de uma sociedade que não respeita e ignora sua história, seus
líderes e guias espirituais bem como a igreja local não devem desanimar os
verdadeiros e bons pastores do Senhor. Sempre haverão ovelhas para pastorear,
sempre existirão os remanescentes, sempre haverá o retorno daqueles que saíram e
com as vidas destruídas e constrangidos precisarão de um 'homem de Deus" que os
ensine novamente os rudimentos da fé para que não errem novamente.
Estes "homens e mulheres de Deus" são incansáveis, sabem da importância de seu
trabalho e são lapidados através do sofrimento que muitos lhes impõem sob a
permissão de Deus. São os Jeremias, os Jó's, os profetas de nosso tempo.
Fazem coro com o apóstolo Paulo que ao escrever aos filipenses, mesmo com
tudo que em Filipos passou, declara:
- Alegrai-vos no Senhor, outra vez vos digo: Alegrai-vos.
Esses pastores conhecem a quem servem e tem ciência de que prestarão
contas ao Senhor de tudo e de todos.
O Bom Pastor nos observa e nos julgará naquele dia.
Acima de tudo, amamos a Deus,
amamos a Palavra,
amamos a Igreja.
Pr. Magdiel G Anselmo.
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